No dia 15 de novembro de 1889, após um golpe militar do Marechal Deodoro da Fonseca, o Brasil, que era governado pela monarquia, passou a ser um país republicano. Foi o começo de uma nova etapa na história brasileira.
Imaginem se não tivesse ocorrido a proclamação da república, se hoje ainda estivéssemos sob o domínio da coroa, como seria o nosso Brasil? Talvez, melhor, talvez, pior. Não há como saber. Pois o fato de um país ser uma república não quer dizer necessariamente que a população estará em uma situação melhor do que as populações vivendo em países sob regimes monárquicos.
Basta olharmos os países com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Veremos que a maioria são monarquias, como é o caso da Noruega, que está em primeiro lugar no ranking. Por outro lado, os 10 países com piores índices de desenvolvimento humano são todos repúblicas, como, por exemplo, Guine, República Centro-Africana e Serra Leoa.
O fato de um país ser republicano não significa necessariamente ser democrático ou que o regime monárquico é menos democrático que o republicano. Nem toda república é democrática, basta vermos o exemplo da República do Zimbábue. Por outro lado, vários países sob os quais não paira qualquer dúvida se são democráticos, são monarquias, como, por exemplo, a Dinamarca e a Espanha.
Contudo, em um longínquo 15 de novembro, há exatos 128 anos, o Brasil tornou-se uma república e, a partir daí, o povo brasileiro, a passos lentos, foi conquistando espaço, através do voto direto, tendo seus direitos estabelecidos e reconhecidos, apesar de muitos retrocessos. Mas os avanços e os retrocessos serviram para o amadurecimento do Brasil como nação.
O princípio republicano é justamente o alicerce sobre o qual os poderes executivos e legislativos devem se desenvolver para que possam cumprir o compromisso de conduzir as ações do Estado, de acordo com os interesses do povo. E o mais importante na república é que os mandatários dos poderes executivos e legislativos não são os legítimos titulares do poder que exercem, e, sim, o povo, pelo qual e para o qual o Estado deve ser governado.
No regime republicano, o povo é o verdadeiro dirigente da nação. O povo é a causa da mudança que deseja ver. Nesse sentido, um governo republicano é aquele que põe ênfase no interesse comum, no interesse da comunidade, em oposição aos interesses particulares e aos negócios privados.
Assim, temos que lutar para que os princípios republicanos façam parte do cotidiano de nossos governantes, aqueles que, através do voto, colocamos no poder para serem os nossos representantes, pois só assim construiremos uma sociedade livre, justa e solidária. Pois, como dizia o filósofo italiano Norberto Bobbio, “o fundamento de uma boa república, mais até do que as boas leis, é a virtude dos cidadãos”.